Associação dos Produtores de Açaí da Amazônia (Amaçaí) busca o Fortalecimento da Produção do Açaí do Pará junto com a Indicação Geográfica e a Sustentabilidade do fruto

Na manhã desta quarta-feira, 26, a diretoria da Associação dos Produtores de Açaí da Amazônia (Amaçaí), liderada pelo presidente Nazareno Alves, se reuniu com o secretário de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca, Giovanni Queiroz. O encontro teve como objetivo buscar a Indicação Geográfica (IG) do açaí do Pará e explorar alternativas para fortalecer e verticalizar a produção do fruto na Amazônia paraense.
Durante a reunião, Nazareno Alves solicitou a inclusão do açaí, juntamente com outras frutíferas amazônicas, como um elemento crucial para a recuperação de áreas degradadas. De acordo com ele, estudos da Embrapa Amazônia Oriental demonstram que o açaí se adapta bem em Sistemas Agroflorestais (SAFs), cultivado em consórcio com espécies nativas como cacau, banana, cupuaçú e castanha do Pará. Essas pesquisas apontam para diversas estratégias de restauração, que variam conforme o contexto local e os objetivos da intervenção, como resgatar serviços ecossistêmicos, melhorar a produção agropecuária e florestal ou mitigar passivos ambientais. Nazareno enfatizou que o plantio de espécies nativas, incluindo o açaí, é a abordagem mais recomendada para a recuperação de áreas de preservação permanente na agricultura familiar da região amazônica.
O secretário Giovanni Queiroz avaliou o encontro de forma positiva e se comprometeu a atender as reivindicações, solicitando ao governador Helder Barbalho a viabilização de um espaço físico para expor os produtos do açaí durante a COP30, que ocorrerá em novembro deste ano.
Márcia Tagore, engenheira agrônoma da Emater, que atua em parceria com a Sedap por meio de um Termo de Cooperação Técnica, informou que já está em andamento um processo para a obtenção da Indicação Geográfica (IG) do açaí produzido no Pará. Esse registro permitirá não apenas a identificação, mas também a qualificação da produção, contribuindo para a valorização do produto e o desenvolvimento econômico da região.

Atualmente, o açaí cultivado no Pará representa a maior parte da produção nacional, correspondendo a 87,3% do total. Este cenário reflete não apenas o potencial do cultivo controlado do açaí, mas também os avanços tecnológicos e as estratégias de manejo que têm impulsionado o setor para novos patamares de crescimento.
A reunião contou ainda com a presença de Denise Martins Acosta, presidente do Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados do Estado do Pará (Sindfrutas). Em entrevista ao Portal Amazônia+TV, Denise destacou a importância de trabalhar a sustentabilidade do açaí desde o cultivo até a comercialização. Ela ressaltou que o açaí é considerado o “ouro preto” da Amazônia, ganhando destaque internacional e indicando um forte processo de agregação de valor.

Os produtos derivados da produção paraense de açaí passaram por um crescimento exponencial, saltando de menos de 1 tonelada em 1999 para mais de 61 mil toneladas em 2023. Com relação ao valor exportado, os produtos derivados do açaí paraense cresceram de US$1,00 em 1999 para quase US$45 milhões em 2023, evidenciando a importância econômica e comercial deste fruto.

Texto: Reginaldo Ramos
Fotos: R3 Comunicação