COP 30 e o agro brasileiro: Embrapa destaca tecnologias para clima e produção sustentável na Agrishow 2025

Belém será palco, em novembro deste ano, da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), e o agronegócio brasileiro terá uma oportunidade única de apresentar ao mundo seu compromisso com a produção sustentável. À frente desse movimento está a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), referência global em inovação agropecuária, que já está se preparando para mostrar resultados concretos na adaptação e mitigação das mudanças climáticas.
Segundo Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, a COP 30 representa muito mais do que uma conferência: é uma vitrine para o Brasil reafirmar sua liderança em práticas agrícolas sustentáveis.
“A COP é um movimento muito importante, onde toda uma convenção do clima se reúne pensando em como podemos ajudar a garantir a sustentabilidade do nosso planeta”, afirmou Silvia durante entrevista no espaço Agrishow Para Elas, na manhã desta segunda-feira (28), no primeiro dia da Feira Agrishow.
O papel da Embrapa na COP 30: fonte de tecnologias sustentáveis
A presença da Embrapa na COP 30 será estratégica. A apenas 1,5 km da sede do evento, no Parque da Cidade em Belém, a instituição montará a “Casa da Agropecuária Brasileira”, um showroom tecnológico que promete impressionar as comitivas internacionais.
“Vamos levar uma vitrine tecnológica, com sistemas agroflorestais, integração lavoura-pecuária-floresta, cultivares mais resistentes a estresse hídrico e doenças, além de apresentar nosso portfólio de bioprodutos”, detalhou Silvia Massruhá.
A proposta é demonstrar com evidências científicas como o agro brasileiro evoluiu para práticas cada vez mais resilientes às mudanças climáticas, reforçando que é possível produzir e preservar ao mesmo tempo.
Jornada pelo Clima: preparação nacional para a COP 30
A preparação para a COP 30 não se limita à exposição em Belém. A Embrapa lançou a “Jornada pelo Clima”, um esforço nacional que envolverá todas as regiões do país. A iniciativa começou oficialmente no Agrishow 2024, com um kick-off simbólico, e terá seu primeiro grande evento em 7 de maio, em Brasília, com o “Primeiro Diálogo pelo Clima”.
“Depois de Brasília, faremos um evento em cada bioma brasileiro. E em novembro, durante a COP 30, vamos apresentar os desafios e oportunidades para uma agricultura mais resiliente às mudanças climáticas”, explicou a presidente da Embrapa.
Essa abordagem demonstra o esforço de integrar conhecimento científico com a realidade dos produtores rurais em diferentes regiões e biomas do Brasil, respeitando as particularidades de solos, clima e vegetação.
Agricultura de Baixo Carbono: experiência de mais de 15 anos
Muito antes de a sustentabilidade ser uma exigência internacional, a Embrapa já trabalhava em soluções práticas para uma agricultura de baixo carbono. Desde a criação da Política Nacional de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) há mais de 15 anos, a instituição atua no desenvolvimento de tecnologias que contribuem para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
“Participamos desde a elaboração dessa política pública, trazendo tecnologias que promovem a descarbonização na agricultura, como o plantio direto, os sistemas integrados e os bioinsumos”, destacou Silvia.
Atualmente, a Embrapa avança na certificação de produtos agrícolas de baixo carbono, como a soja, o milho, o trigo e, mais recentemente, o café. Esses protocolos serão apresentados na COP 30 com números e dados coletados ao longo de duas décadas, comprovando a sustentabilidade econômica, ambiental e social da produção agrícola brasileira.
Combate às fake news: dados científicos são essenciais
O agronegócio brasileiro enfrenta desafios constantes em sua imagem internacional, especialmente diante das chamadas fake news. Para Silvia Massruhá, combater desinformações é uma prioridade, e a resposta virá com ciência e transparência.
“Existe uma visão distorcida sobre o agro brasileiro que precisamos corrigir. E isso só se faz com dados científicos”, afirmou.
Um dos exemplos citados por Silvia foi o Zoneamento Agrícola de Risco Climático, ferramenta que há décadas orienta a produção agrícola no Brasil com base em 100 anos de dados climáticos, oferecendo janelas de plantio adequadas para mais de 44 culturas em cerca de 5.000 municípios. A ferramenta agora passa por uma evolução, incorporando práticas de manejo sustentável para cada tipo de produtor.
“Estamos criando níveis de manejo que vão desde produtores que ainda revolvem muito o solo até aqueles que já trabalham com cobertura vegetal e rotação de culturas. Isso incentiva a melhoria contínua em direção a uma agricultura mais sustentável”, explicou.
Inteligência artificial e agricultura preditiva: o futuro já começou
A presidente da Embrapa acredita que o futuro da agricultura está intimamente ligado à tecnologia e ao uso inteligente de dados. Agricultura de precisão, automação, edição gênica, nanotecnologia e inteligência artificial já são realidades integradas aos projetos da empresa.
“Hoje, para usar algoritmos de inteligência artificial, precisamos de dados confiáveis. E a Embrapa tem essa base. Trabalhamos com dados para subsidiar políticas públicas, melhorar a assistência técnica e capacitar o produtor rural”, afirmou.
Além disso, a Embrapa está criando o “Centro de Dados Inteligentes para o Agro”, em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária, consolidando informações de todo o país para apoiar decisões mais assertivas e sustentáveis.
COP 30: oportunidade para o Brasil e o agro brasileiro
Mais do que apresentar tecnologias, a COP 30 será uma vitrine viva de que produção e preservação caminham lado a lado no Brasil. Silvia Massruhá vê o evento como um divisor de águas para a imagem do agro brasileiro no cenário internacional.
“Estar dentro da Amazônia e mostrar como é possível produzir e preservar ao mesmo tempo é uma oportunidade única que o Brasil tem. Temos que aproveitar”, declarou.
A expectativa é que, além das vitrines tecnológicas em Belém, visitas de comitivas internacionais a áreas de produção sustentável consolidem a imagem do país como referência em agricultura tropical de baixo carbono.
O agro brasileiro preparado para o futuro
A preparação da Embrapa para a COP 30 reforça o compromisso do Brasil com uma agricultura mais sustentável, resiliente e inovadora. Ao unir ciência, tecnologia e práticas de conservação ambiental, o país se posiciona de maneira estratégica no debate global sobre mudanças climáticas.
A trajetória da Embrapa demonstra que o futuro da agricultura passa pela integração de conhecimento técnico e responsabilidade socioambiental. Como disse Silvia Massruhá: “O que nos trouxe até aqui não é o que vai nos levar para os próximos 50 anos. Precisamos evoluir, e o Brasil está preparado para isso.”
A COP 30 será, sem dúvida, o palco perfeito para mostrar ao mundo que o agro brasileiro é parte da solução para o desafio climático global.
Descubra como o agro brasileiro está se preparando para a COP 30!
Fotos: Reprodução