Seguro rural precisa de maior apoio e produtos adequados ao produtor

Durante evento realizado nesta sexta-feira, 31, na Fundação Getúlio Vargas, especialistas discutiram os desafios do mercado de seguros rurais no Brasil, com ênfase na baixa adesão dos produtores e nas limitações das políticas públicas.
Glaucio Toyama, presidente da Comissão de Seguro Rural da FenSeg, destaca que, para muitos produtores, a compra de um seguro agrícola ou pecuário é frequentemente a última prioridade. “Na cabeça de um produtor, a compra de um seguro é o último item da linha, ele não tem a intenção. Então, precisamos de políticas públicas que pensem em anos em que as margens são apertadas”, afirmou.
Em 2024, o setor passou por um movimento “lateral” em relação a 2023, com a segunda metade do ano registrando uma recuperação em comparação ao primeiro semestre. As margens apertadas nas operações de inverno, como milho safrinha e trigo, impactaram a decisão dos produtores de contratar seguros na primeira metade do ano. “Comprar seguros agrícolas naquele momento não faria sentido, porque o produtor estava abrindo mão de margem e tomando prejuízo na sua folha de custos”, explicou Toyama. No entanto, a situação melhorou no segundo semestre, com um aumento na oferta de produtos e a redução nos valores das tarifas médias.

Nos últimos três anos, a participação do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) no volume total de prêmios de seguros atingiu 50%. Em 2024, essa participação deverá chegar a 80%, segundo a FenSeg. Apesar disso, Toyama aponta que a penetração de seguros agrícolas no Brasil ainda está abaixo do ideal.
“A expectativa em termos de penetração não passa de 10 pontos percentuais, o que é muito baixo considerando o tamanho da agricultura brasileira”, ressaltou. Ele destaca que é necessário um portfólio de produtos que atendam às necessidades de diferentes regiões, culturas e perfis de produtores.

A crítica à formação dos preços dos seguros é um ponto comum entre especialistas. Toyama defende que o custo do seguro reflete os altos riscos envolvidos e a volatilidade do mercado. “Em qualquer lugar do mundo, o custo de seguro não é barato, porque os riscos estão sendo analisados de forma diferente e há uma grande volatilidade”, explicou.
Ele acrescenta que, no Brasil, ainda faltam programas estaduais bem estruturados para reduzir o gap de acesso ao seguro e melhorar os indicadores.

Por outro lado, Guilherme Rios, assessor técnico em política agrícola da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), compartilhou dados de um levantamento recente com produtores rurais de todo o país. A pesquisa revelou que a taxa do prêmio pago pelos produtores ainda está muito aquém das expectativas, com destaque para as regiões Norte e Nordeste. Nessas áreas, a oferta de produtos é considerada insuficiente, e muitos produtores enfrentam dificuldades para contratar seguros.
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