Encontro Ruralista em Belém Debate Sustentabilidade e Desafios da Agropecuária na Amazônia

 Encontro Ruralista em Belém Debate Sustentabilidade e Desafios da Agropecuária na Amazônia

POR REGINALDO RAMOS e PEDRO MEDINA/R3 Comunicação

A Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) realiza até amanhã, quinta-feira, 04, em sua sede, no Palácio da Agricultura, a 62ª edição do Encontro Ruralista paraense. Com o tema “Debate Sustentabilidade no Agro Paraense e COP30”. O evento tem como objetivo debater a gestão territorial, o desenvolvimento e o uso da terra na Amazônia Legal, além de suas implicações em meio à COP 30, que ocorrerá em Belém, em novembro de 2025.

Chicão Caruzo, pecuarista e produtor de grãos do município de Paragominas, no sudeste paraense, avalia que o Estado do Pará se destaca na produção nacional, tanto da pecuária quanto no cultivo de grãos, tipo soja, milho, arroz, feijão e, por último o gergelim. Os avanços em tecnologias, aliados ao processo de produção alavancaram a economia, assegurando a cadeia alimentar mundial.

O pecuarista também falou que Paragominas fez o dever de casa, se adequando às leis ambientais e tornando-se referência do agronegócio do Brasil.

Conforme diz Carlos Xavier, presidente da Faepa, o encontro busca discutir os desafios e oportunidades da sustentabilidade na agropecuária nacional e na região amazônica. Xavier afirma que o agro paraense tem se esforçado para desenvolver uma produção agropecuária cada vez mais sustentável, com inovação e desenvolvimento estruturante, apresentando propostas concretas para os desafios atuais e futuros da agropecuária do Pará. “Nosso encontro visa reunir especialistas de diferentes setores da sociedade para analisar questões fundiárias, ambientais, tecnológicas e políticas que impactam o setor agrícola brasileiro, especialmente na Amazônia paraense”, afirmou o presidente da Faepa.

No primeiro dia de reunião, a programação foi marcada pela análise da sustentabilidade na agropecuária. Evaristo de Miranda, engenheiro agrônomo e pesquisador, abriu os debates com a palestra “A agropecuária no Brasil e no Pará: o Futuro e os Desafios”. Na sequência, Marcelo Bertoni, presidente da Comissão Nacional de Assuntos Fundiários da CNA, discutiu as medidas adotadas pela CNA para equacionar os impactos decorrentes de recentes normativas de natureza fundiária, com destaque para a discussão sobre o Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal.

Evaristo de Miranda apresentou uma palestra recheada de números, começando com a diversidade da Amazônia, que, segundo ele, abriga 22 tipos de florestas e 50 tipos de vegetação diferentes. As matas protegidas representam 176 milhões de hectares, sendo que 42% do bioma são intocáveis, incluindo áreas de preservação permanente e terras indígenas. Outros 120 milhões de hectares estão sob propriedade agrícola, onde as florestas permanecem intactas, conforme exige a lei florestal. Um total de 351 milhões de hectares, que representa 83% do bioma, está coberto por vegetação nativa, sendo que apenas 10% da Amazônia é destinado a pastagens e 2,4% para lavouras. “É uma falácia declarar que os produtores destroem a Amazônia; eles a protegem porque entendem seu valor”, declarou Evaristo.

Segundo Evaristo, cerca de 500 mil famílias foram atraídas ao Pará a partir dos anos 70 do século passado, e atualmente mais de 650 mil estabelecimentos agropecuários são considerados imóveis rurais regularizados no Cadastro Ambiental Rural (CAR). A Amazônia conta com mais de um milhão e cem unidades agrícolas, sendo 423 mil no Pará, 165 mil em Rondônia, 139 mil no Maranhão e 126 mil no estado do Amazonas.

A pecuarista Cristina Malcher, que veio de Rondon do Pará, representou as mulheres do agro e discutiu formas inovadoras de produção com a participação feminina no campo. Ela avaliou de forma positiva o encontro. O evento também contou com a presença de pessoas ligadas a startups que atuam na sustentabilidade da Amazônia, firmando parcerias com produtores que buscam garantir crescimento econômico de maneira justa e sustentável.

Charton Locks e Carolina Barretto, da empresa Produzindo Certo, especializada em assistência técnica aos produtores do Pará, concederam uma entrevista exclusiva ao “Portal Amazônia+TV”, destacando os avanços da agropecuária paraense. “O Pará possui o segundo maior rebanho bovino do Brasil e, por isso, apresenta grandes oportunidades para a pecuária local. O projeto Valorizar para Transformar surgiu para auxiliar os produtores de carne, leite e couro do estado a prosperarem na atividade, atualizando seu papel no mercado, valorizando sua trajetória e participando de um grande momento de transformação da pecuária nacional”, destacou Charton Locks, diretor de operações da Produzindo Certo.

A agricultora Lúcia Carvalho, da comunidade Nova Esperança, no município de Ananindeua, aproveitou o evento para expor produtos orgânicos oriundos de sua comunidade. Na ocasião, ela ressaltou que o encontro ruralista também é importante para os pequenos agricultores, que, segundo ela, fazem a diferença na contabilidade geral da produção brasileira.

Fotos: Reginaldo Ramos/R3 Comunicação

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