Olha que legal! Tênis é produzido por marca do Pará com caroço do açaí, e pode ser exportado para a Europa.
Dentro de uma pequena fábrica em Castanhal, a 75 quilômetros de Belém, na região metropolitana, uma mulher usa um pincel e tubos de tinta para colorir pares de tênis espalhados em uma mesa. O trabalho cuidadoso precisa ser paralisado algumas vezes para ela secar o suor do rosto, afinal, a temperatura supera os 30ºC ao final de uma manhã ensolarada neste período de verão amazônico com temperaturas que chegam aos 35º.
A pintura dos calçados é uma das etapas da produção da marca Seringô. A empresa deseja crescer a partir da busca de consumidores por produtos sustentáveis, especialmente no exterior. A intenção é expandir os negócios colocando os tênis no mercado europeu antes da COP30, que se realizará em Belém em novembro do próximo ano, conforme falou o empreendedor social Francisco Samonek, 73, responsável pela marca.
Samonek é conhecido na região de Castanhal por desenvolver iniciativas que buscam unir geração de renda para comunidades locais e conservação ambiental.
“O consumidor brasileiro ainda não está olhando para a questão da sustentabilidade tanto quanto se olha lá fora”, afirma o empreendedor, ao falar dos planos de venda de tênis para a Europa.
Os calçados da marca utilizam em sua composição matérias-primas da região amazônica, como o caroço de açaí e a borracha produzida a partir de seringais nativos do arquipélago do Marajó, também localizado no Pará.
“Tem pequenas fabriquetas que descartam sacos e sacos de caroço de açaí na calçada. Tenho condições de pegar o caroço, fazer um tratamento e triturá-lo na máquina. Ele fica bem refinadinho”, conta.
De acordo com o empreendedor, o material contribui para que a borracha não encolha nos calçados.
“Toda a nossa borracha recebe o pó do caroço de açaí. Barateia o custo. Assim, também consigo pagar mais para o seringueiro.”
Nascido no Paraná, Samonek vive há 42 anos na região amazônica. Formado em letras, ele já trabalhou como professor, morou no Acre e, em paralelo, desenvolveu diferentes projetos voltados à cadeia produtiva da borracha.
A Seringô, diz o empreendedor, nasceu como marca em 2018 a partir de uma dessas iniciativas, a Poloprobio, uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).
A Poloprobio executa o projeto do governo estadual Marajó Sustentável, que busca reativar seringais nativos do arquipélago paraense.
“A Oscip só fazia a parte educacional, de desenvolvimento, de assistência técnica, não comercializava. Quando a gente resolveu colocar o calçado e incrementar a produção, sentimos necessidade de entrar no mercado, de ter a empresa”, diz Samonek. (Da redação do portal Amazônia+TV com informes do Economia ao Minuto)
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