Secas têm diminuído o pescado na Amazônia

Por Pedro Medina

Em 2023, a Amazônia desmatou quase 600 km² de áreas verdes, 20% menos que em 2022, graças ao controle maior dos estados e órgãos como Ibama e Ministério do Meio Ambiente.

Esses altos índices de desmatamento, aliados às mudanças climáticas, principalmente com a redução drástica das chuvas, tornaram os cenários de nossos rios voadores em rios de fumaça, e a umidade levada pelos ventos transformou-se em poluição do ar que afeta muitas cidades do país.

Cientistas estão chamando esse período de “sem água e sem peixe”, em função do declínio de estoques pesqueiros, quando antes era fartura, levando à insegurança alimentar a milhares de famílias ribeirinhas da Amazônia.

O Estado do Amazonas é quem mais sofre com as secas e regiões que atingiam cem toneladas de pescado por ano, agora mal conseguem suprir suas próprias necessidades.

No Pará, a realidade é a mesma. Regiões do Marajó, Tocantins, Xingu, Tapajós, e Calha Norte, assistem os cardumes diminuírem, e mesmo a pesca em alto mar exige mais tempo de viagem sempre com pescados a menos.

O presidente da Colônia de Pescadores de Soure, Waldecy Maciel, relata as mortandades não só de peixes, mas de animais como capivaras, cavalos, búfalos e até jacarés, considerados mais resistentes ao forte calor da Amazônia.

“Rios e lagos secaram, ou tornaram-se salobros demais, com o avanço das águas do mar. Até o lago da cabeceira do rio Paracauary, muito piscoso no passado, vem sofrendo com as mudanças climáticas”, atesta ele.

A produção da piscicultura, que poderia ser a salvação da lavoura, ou da pesca, caminha ainda de maneira  rudimentar, com a falta de alevinos e do desenvolvimento de uma ração produzida no estado com baixo custo utilizando nossas matérias primas, o melhor aproveitamento dos poços escavados, e ampliação de linhas de créditos, que não chegam nas mãos dos produtores.

 Causa espanto aos apreciadores de peixe, pagarem até 90 reais por um quilo de filé de pescada amarela nos supermercados, quando o filé bovino custa no máximo 70 reais e seu custo de produção é infinitamente maior. Mas aí prevalece  a lei da oferta e da procura. 

A esperança é que o retorno das chuvas em novembro e o respeito ao defeso e a pesca sustentável tragam de novo o milagre dos peixes para os nossos rios, e que as mesas voltem a ter o alimento do povo amazônida.

Fotos: Reprodução


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