Onça pintada da Amazônia é vista no sul do Pará, e os Lince Ibéricos não correm mais risco de extinção

Foi divulgada uma notícia boa que trouxe esperança para a preservação da fauna: o lince ibérico (Lynx pardinus), um dos felinos mais raros do mundo, saiu da lista de animais ameaçados de extinção. Isso porque, o número total de animais da espécie agora soma mais 2 mil. Houve um salto de 62 adultos em 2001, para 648 em 2022. No Pará, a onça pintada é um dos raros felinos que estão sob ameaça de extinção e este cenário tende também a mudar. Mas não é só isso, na Amazônia, mais precisamente, no sudeste do Estado do Pará, pescadores tiveram a oportunidade de avistar um belo espécie da onça pintada, o que significa que a extinção das espécies pode ficar para trás se a humanidade levar a sério a importância da preservação da fauna para as futuras gerações.

Relatos de encontros inesperados entre animais selvagens e pessoas que se aventuram em regiões remotas e densamente florestadas do interior do país têm aumento recentemente.

Cobras de diferentes tamanhos, como jiboias e sucuris, têm sido avistadas com mais frequência, assim como a presença de felinos.

Um caso recente ocorreu no último final de semana, quando um trio de pescadores se deparou com uma onça pintada atravessando o rio Camela, afluente do rio Xingu, no Pará.

Um vídeo desse encontro inusitado foi registrado e compartilhado nas redes sociais, gerando grande repercussão.

Inicialmente, eles acreditaram que se tratava de uma anta ou capivara, animais comuns naquela região. No entanto, assim que se aproximaram, perceberam que estavam diante de uma onça.

Embora tenham sentido uma mistura de apreensão e cautela, o grupo não conseguiu conter sua admiração e registrou o momento raro de estar tão próximo do animal selvagem.

Para os pescadores Alailton Pereira e o advogado Remilson Aires, encontrar um animal selvagem desse porte causa apreensão, pois há sempre dúvidas em relação ao comportamento, devido ao histórico de ataques.

No entanto, especialistas afirmam que na maioria das vezes esses animais não têm a intenção de se aproximar dos humanos e costumam manter uma distância segura. O encontro inesperado pode ocorrer por impulso, mas ataques de onças são raros. O maior número de incidentes envolve javalis, devido ao seu temperamento agressivo.

Outra situação atípica ocorreu no estado do Mato Grosso, envolvendo mais uma vez a presença de uma onça-pintada em um barco de pescadores. Na ocasião, o animal se aproximou dos pescadores para pegar os peixes dentro do barco.

Um dos pescadores comentou: “Temos que pescar para nós e para ela”, evidenciando o respeito e a admiração pela presença majestosa da onça-pintada.

Uma recomendação importante é fazer barulho ao adentrar em áreas de mata, caso haja medo ou receio. Isso serve para afugentar os animais, que geralmente fogem ao perceber a presença humana. Pequenos fogos de artifício e bombinhas podem ser utilizados para esse fim. Em acampamentos, é recomendável manter o local iluminado com fogueiras ou improvisar um candeeiro.

Segundo o Instituto Onça Pintada, a principal ameaça à espécie não é necessariamente o desmatamento, pois o código florestal estabelece a obrigatoriedade de reserva ambiental nas propriedades rurais.

LINCE IBÉRICO

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que é responsável por avaliar o nível de ameaça cada espécie corre, mudou o felino da categoria “em perigo” para “vulnerável”.

“A Lista Vermelha da UICN é uma ferramenta essencial para medir o progresso no sentido de travar a perda de natureza e alcançar os objetivos globais de biodiversidade para 2030. A melhoria no estado de conservação do Lince Ibérico demonstra que a conservação bem-sucedida funciona tanto para a vida selvagem quanto para as comunidades”, disse a Dra. Grethel Aguilar, Diretora Geral da UICN.

QUASE EXTINTO

Os linces ibéricos são naturais de partes de Portugal e Espanha, mas, a partir da década de 1960, a expansão agrícola começou a tomar espaços de habitat natural e a caça excessiva reduziu drasticamente a quantidade de indivíduos da espécie.

Nos anos seguintes, no entanto, cresceu a luta em defesa do bicho. Nos anos 1980 e 1990, Portugal se tornou palco de uma campanha cujo mote era “Salvem o Lince e a Serra da Malcata”, que iniciou o processo de conservação do lince.

Desde 2010, mais de 400 indivíduos da espécie foram reintroduzidos em regiões espanholas e portuguesas. Segundo a UICN, estes animais agora ocupam pelo menos 3.320 km² — foram 449km² a mais em comparação a 2005.

“Este sucesso, a maior recuperação de uma espécie de felino já alcançada através da conservação, é o resultado da colaboração empenhada entre organismos públicos, instituições científicas, ONG, empresas privadas e membros das comunidades, incluindo proprietários de terras locais, agricultores, guarda-caças e caçadores, com o apoio financeiro e logístico do projeto LIFE da União Europeia”, disse Francisco Javier Salcedo Ortiz, coordenador do projeto LIFE Lynx-Connect, que liderou a ação de conservação do lince-ibérico. Outra estratégia foi aumentar a disponibilidade de coelhos-europeus (uma das presas do felino).

Mas ainda é necessário ficar atento para essa situação: o animal corre risco de pegar doenças provenientes de gatos domésticos, de serem atropelados em estradas e podem sofrer com as mudanças drásticas em seu habitat natural provocadas pela crise climática. Fotos: Reprodução


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