Praia do Pesqueiro, em Soure, enfrenta intensa maré
Por PEDRO MEDINA
As dez barraqueiras instaladas há décadas na praia do Pesqueiro de Soure, a mais concorrida de todo o Marajó, concordam que de todas as fortes marés do passado, nada se iguala a deste ano. Além de destruir palhoças e barracos de madeira, e invadir áreas residenciais do entorno, os fortes ventos trouxeram toneladas de areia que ameaçam cobrir também as barracas dessas senhoras, tirando o espaço para os turistas e pior, o palco para o tradicional réveillon da cidade que não será mais no Pesqueiro, já descartada pela prefeitura, que busca ajuda a fim de enfrentar um problema ambiental de difícil solução.
“A natureza é fantástica, nós é que estamos no lugar errado”, atesta a presidente da Associação dos Barraqueiros da Praia do Pesqueiro e professora aposentada, Sandra Cruz, há mais de 25 anos em seu ponto comercial, o Maresia, primeiro dentre os dez.
Sob responsabilidade do Instituto Chico Mendes (ICMBio), por ser área de preservação que integra um dos maiores e mais bem protegidos biomas, os mangues de Soure, o órgão, que tem sede em Soure, assumiu a APA e manteve as 10 barracas existentes, porém proibiu a instalação de outras.
Agora, com os bancos de areia avançando sobre as edificações, os moradores lutam para manter seus espaços e lançam, com suas pás, a areia de volta, numa luta ingrata contra a natureza.
Com a areia já encobrindo a entrada das 10 barracas, o grupo de famílias do entorno da praia do Pesqueiro, pescadores, caranguejeiros, pessoal de lojas de artesanatos, ambulantes e até dono de búfalo que aluga o animal para registros fotográficos, as tais selfies, ainda estão atônitos com a perspectiva de terem de abandonar a localidade.
“As águas estão a cada ano subindo mais e atingindo nossas moradias”, é o clamor geral da comunidade.
Soure tem tradição de realizar grandes réveillons, reunindo mais de 20 mil, pessoas tendo a exuberância da praia do Pesqueiro como grande atração, somado à decoração do ambiente, sempre muito marajoara, e principalmente, com baixo boletim de ocorrências.
O prefeito atual, Guto Gouvêa, deixa o cargo em janeiro para o candidato vencedor apoiado por ele, Paulo Victor, e ambos já priorizaram os estudos ambientais da praia e as medidas a serem tomadas com relação às famílias em caso de abandono do espaço atual.
Fotos: Reginaldo Ramos/R3 Comunicação