Ilha do Marajó e seus encantos impulsionam o turismo regional

Por REGINALDO RAMOS

É impossível falar do Marajó sem destacar a infinidade de atrativos naturais que encantam quem busca essa região para se divertir no verão amazônico. As praias, os campos alagados, os manguezais, as fazendas de campos naturais, a culinária típica da região e a rica cultura marajoara fazem do Marajó um dos destinos mais procurados por turistas do Brasil e do mundo. A experiência de estar próximo da natureza e do maior rebanho bubalino do Brasil faz esquecer, nem que seja por algumas horas, a rotina diária do trabalho, assim como o cotidiano agitado da cidade grande.
O acesso às cidades de Soure e Salvaterra é feito via transporte fluvial. Desde a inauguração da lancha rápida em novembro de 2015, essa opção tem sido a preferida dos turistas interessados em explorar a região. A lancha rápida, operada pela empresa Master Motors, proporciona uma viagem mais rápida e confortável em comparação com o ferry boat (balsa) ou o navio, que levam de três a quatro horas para chegar ao porto de Camará, em Salvaterra. Em apenas duas horas, a lancha rápida chega a Soure, oferecendo uma oportunidade excelente para quem deseja conhecer uma das mais belas regiões do Pará. O município de Soure tem mais de 25 mil habitantes e está localizado na microrregião do Arari, a cerca de 70 km de Belém. O búfalo é uma das matrizes produtivas da região, que conta com um rebanho estimado em 600 mil animais. No Marajó, o búfalo serve como força motriz, para o corte, para a produção de queijo e o beneficiamento do couro. Além do chifre e do osso de búfalo, que são utilizados na confecção de biojoias, como aneis, brincos e colares.
O Marajó é uma das maiores ilhas flúvio-marítimas do planeta, possui cerca de duas mil e quinhentas ilhas e ilhotas, é a maior unidade de conservação do estado do Pará e, dentro da área geográfica do arquipélago, tem oficialmente 16 cidades.
Por se situarem na parte oriental, quase na margem do oceano Atlântico, as cidades de Soure e Salvaterra registram sempre no segundo semestre de cada ano um número expressivo de turistas, com o mês de julho se destacando entre os outros meses do ano. É nesse período que as cidades de Soure e Salvaterra ficam lotadas.

BENS E SERVIÇOS

Explorar as ruas da cidade de Soure é uma excelente opção para os visitantes. No centro, a cidade oferece uma gama de bens e serviços, incluindo lojas, farmácias, supermercados, agências bancárias, hoteis e restaurantes, que atendem bem à população. O artesanato regional, lembrancinhas, camisas marajoara e outros produtos locais também estão disponíveis. Na loja chamada “Curtume Art Couro Marajó”, há vários produtos feitos de couro cru de búfalo, como cintos, bolsas, sandálias, chaveiros, ímãs de geladeira, porta-cartão e porta-documento. Os itens mais vendidos são cintos, sandálias e bolsas.

CERÂMICA

O Ateliê Arte Mangue Marajó foi inaugurado em 2003. Há mais de duas décadas, o artista visual e ceramista Ronaldo Guedes vem esculpindo uma variedade de peças de cerâmica que ornamentam o salão do ateliê, localizado no bairro do Pacoval, na cidade de Soure.

Modeladas a partir do barro retirado dos campos alagados da ilha, suas obras reafirmam a cultura ancestral da região. Os pigmentos que garantem cor às peças vêm de rochas minerais como o argilito e o caulim. Suas criações, que vão do utilitário ao decorativo, são uma celebração do rico e tradicional artesanato marajoara, destacando as técnicas e os estilos únicos dessa herança cultural.

PRAIA DO PESQUEIRO

A praia mais visitada de Soure possui 15 restaurantes para atender o público. O cardápio é variado, sempre à base de pescado, crustáceos e mariscos, itens que enriquecem a gastronomia da região. O restaurante Maresia, de propriedade da professora Sandra Cruz oferece um cardápio diferenciado. Além da rica culinária, o turista também pode aproveitar para tirar fotos com búfalos, animais que fazem parte da cultura do Marajó. Um banho nas águas salobras da Baía do Marajó é inevitável.

PRAIA DA BARRA VELHA

Considerada uma das mais tranquilas do município, fica dentro da área urbana de Soure e permite ao turista acessar trilhas dentro de uma floresta de manguezais, habitat natural dos caranguejos do Marajó. Além disso, é uma ótima alternativa para banho e diversão.

PREFEITURA

Durante todo o mês de julho, a prefeitura municipal de Soure disponibiliza uma agenda repleta de atividades, incluindo apresentações culturais, colônia de férias, arrastão com trio elétrico, blocos de abadás e shows de artistas regionais. O atual prefeito Guto Gouvêa tem apoiado o desenvolvimento de obras que garantam o crescimento da infraestrutura turística e econômica de Soure. Projetos como o terminal hidroviário à beira do rio Paracauari, a pavimentação asfáltica e a sinalização turística das principais vias da cidade são frutos da parceria entre o governo do Estado e a prefeitura local, promovendo o desenvolvimento socioeconômico do município e melhorando a qualidade de vida da população.

VILAS HISTÓRICAS

Situada na zona rural, a cerca de 12 quilômetros de Soure, a Vila do Céu é rodeada por praias e manguezais, tornando-se uma ótima opção para os amantes do turismo ecológico e de aventura. A praia do Céu conecta-se à praia do Pesqueiro e abriga uma pequena vila habitada por famílias de pescadores, recebendo muitos visitantes como uma alternativa turística.

VILA DO CAJU-UNA

Outra comunidade de pescadores, cercada por coqueiros antigos. Ligada à comunidade do Céu, Caju-Una é considerada a praia mais paradisíaca de Soure.
Agroturismo As fazendas e o queijo do Marajó também se tornaram atrações turísticas, especialmente no segmento do agroturismo, que tem ganhado força no Pará. Em Soure, estão situadas as fazendas São Jerônimo, Bom Jesus, Araruna e Mironga, que oferecem excelentes opções de passeios.

AGROTURISMO

FAZENDA SÃO JERÔNIMO

Conhecida por ser cenário do reality show “No Limite”, produzido pela Rede Globo em 2001, a fazenda oferece aventuras ecológicas, incluindo trilhas e passeios de canoa pelo Igarapé do Tucumanduba até a Praia do Goiabal. Para o retorno à sede da fazenda, os visitantes podem fazer o percurso em cima de búfalos.

FAZENDA MIRONGA

Propriedade do pecuarista Carlos Augusto Gouvêa, onde os visitantes podem ver de perto o processo de produção de queijos, a lida diária dos vaqueiros e ter contato direto com os búfalos. A fazenda possui a Indicação Geográfica (IG), destacando a qualidade e a origem do queijo do Marajó.

GASTRONOMIA MARAJOARA

O Solar do Bola é um dos restaurantes mais badalados de Soure, com um cardápio que inclui caldo de turu, casquinho e panqueca de caranguejo, creme de pupunha, frango tempurá, peixe ao molho de camarão, filé marajoara e frito do vaqueiro. Nossa equipe registrou a qualidade e o sabor de vários pratos oferecidos pelo Chef Bola, proprietário do estabelecimento, durante as gravações da série audiovisual AgroAmazônia.

RELIGIOSIDADE

A paróquia Menino Deus, localizada na Terceira Rua em Soure, é um importante ponto de visitação. Construída em 1937 por Dom Alonso, primeiro bispo do Marajó, a igreja é um orgulho para os moradores da cidade. A religiosidade em Soure mistura tradições católicas, afro-brasileiras e indígenas. Festas como o Círio de Nazaré atraem centenas de pessoas, com a procissão saindo da Igreja de São José e percorrendo várias ruas do centro da cidade.

PAJELANÇA

Os índios que habitaram a Ilha de Marajó deixaram uma série de influências culturais, incluindo a pajelança cabocla, um ritual indígena tradicional da cultura marajoara. Em Soure, essa crença é mantida viva pela Pajé Cabocla Zeneida Lima, que define o ritual como uma forma de conexão entre os homens e as energias da natureza, conhecidas como Caruanas.

Fotos: Reginaldo Ramos / R3 Comunicação


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