Brasil vê dobrar em dez anos a produção de celulose para exportação

Maior exportador mundial de celulose, o Brasil viu a produção destinada ao mercado internacional praticamente dobrar na última década: passou de 9,4 milhões de toneladas, em 2013, para 18 milhões, em 2023, segundo dados da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores). Resultado de investimentos que potencializaram condições naturais, aumentando a produtividade e, consequentemente, a competitividade do setor. O solo fértil, a disponibilidade hídrica e o clima tropicalizado favorecem o crescimento de árvores como o eucalipto, responsável por ocupar mais de 3/4 das áreas de florestas plantadas do país. Por causa dessas características locais, o ciclo de vida dura, em média, 7 anos –cerca de metade do tempo necessário em países nórdicos.
No entanto, o protagonismo brasileiro no mercado global se deve, principalmente, ao capital aplicado em ciência, pesquisa e desenvolvimento. Segundo especialistas, esse trabalho começa com biotecnologia em viveiros e laboratórios, para ter uma variação genética das árvores cada vez mais resistente a pragas e doenças, por exemplo.
De acordo com dados da Ibá, a produtividade do eucalipto no Brasil também cresceu. Na década de 1970, era de 10 m³ por hectare ao ano. Em 2023, esse número passou para 37 m³/ha/ano. Ao todo, são 9,9 milhões de hectares de áreas produtivas, combinadas à preservação de mais 6,7 milhões de hectares de florestas nativas.
Para o presidente-executivo da associação, Paulo Hartung, esse “sistema de mosaico” é um exemplo para outros países, ao formar corredores de biodiversidade e contribuir para a preservação ambiental. “É um diferencial para o consumidor do Brasil e do mundo, principalmente, para o mais moderno, mais exigente”, disse.
Os investimentos, porém, não se limitam ao ambiente florestal. Há inovações também na vertente industrial, com o desenvolvimento de novos produtos a partir da celulose e a capacitação de mão-de-obra. Além do interesse em obter certificações internacionais, como o selo FSC (Forest Stewardship Council), de manejo ambiental responsável.
“As empresas têm investido fortemente no aperfeiçoamento dos processos produtivos, de tal sorte que a produtividade das florestas brasileiras na fabricação de celulose é alta, senão uma das maiores do mundo”, afirmou Rafael Barisauskas, professor da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) e economista sênior para América Latina da Fastmarkets Forest Products.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *